De volta

Finalmente ele havia voltado.
Já havia se passado dois anos inteiros que ele estava na ilha e não houve um dia sequer que ele não pensasse nela.
E como se colocasse seu coração em palavras, ele enviou cartas, uma a uma,  para a mulher mais importante de sua vida, mesmo que isso significasse que o FBI, cedo ou tarde, descobriria seu esconderijo.
E descobriram.
Quando Abbott lhe fizera a proposta para voltar aos Estados Unidos, a única coisa que ele conseguia pensar era nos olhos verdes e penetrantes da mulher que o conquistara delicadamente ao longo de quase quinze anos.
Naquela noite da proposta do FBI, Jane sentou-se no seu quarto, sozinho, com uma carta nas mãos, lendo e relendo-a diversas vezes.
Aquela fora a única carta que ele não conseguiu mandar para Teresa Lisbon.
Decidido, então, no dia seguinte ele procura por Abbott e aceita formalmente seus termos e condições, sem fazer nenhuma exigência, pois sabia que Lisbon estava trabalhando na equipe do Agente. E isso já era muito mais do que o suficiente.

Quando chegaram nos Estados Unidos, no dia seguinte, Jane fora recebido com abraços de seus amigos, ou, como ele gostava de dizer, sua família.
Cho, Rigsby, VanPelt e, finalmente, Lisbon, todos estavam lá para recepcioná-lo.
 - Que barba é essa Jane? - VanPelt perguntou
 - Não havia barbeador no lugar onde você estava? - Rigsby complementou
 - Oh, fiquem quietos! - repreendeu Lisbon, brincalhona - Ficou ótima em você.
 - Obrigado - Jane sorriu
 - Vamos, Jane, precisamos comer uma pizza de caso concluído que você ficou nos devendo - disse VanPelt puxando-o pela mão.

............

Não demorou para que Jane começasse a trabalhar.
O FBI deu uma semana para que ele se instalasse em sua nova casa, que estava sendo bancada pela Agência.
O primeiro caso fora resolvido em um dia e lá estavam todos comendo pizza de caso concluído novamente.
Jane estava tentando ficar um tempo à sós com Lisbon, e mesmo em sua semana de "folga", a Agente sempre estava ocupada para fazer alguma coisa com o loiro.
 - Olá - Lisbon disse ao telefone, interrompendo os pensamentos de Jane - Claro. Estou indo - e ela desligou com um sorriso imenso.
Sem muitas palavras, ela despediu-se de todos e saiu da cozinha.
Jane não podia deixar essa oportunidade passar. Teria alguns minutos somente com Lisbon, finalmente.
Mas quando ele entrou no escritório, deparou-se com uma cena completamente inusitada, e antes que pudesse compreender, disse em voz alta:
 - Vamos sair para algum lugar?
 - Ahm... Er... Nós vamos... - gaguejou Lisbon - Você quer...?
 - Oh! - A ficha caiu de repente - Não, não. Divirtam-se. Eu já estava cansado também, quero ir para casa. Boa noite - e sem esperar por uma resposta, ele virou-se e caminhou em direção as escadas de emergência.

Fonte

No dia seguinte Jane ligou para Abbott para avisar que estava doente e que não tinha condições de ir trabalhar.
Sem saber ao certo como lidar com o novo membro do time, Abbott pediu ajuda a Lisbon.
 - Jane doente? - ela falou surpresa - Um pouco improvável, mas não é completamente impossível.
 - Cheque isso para mim, está bem?
 - Ok.

............

 - Lisbon? - disse Jane com voz nasal
 - Oh, meu Deus, Jane! Você está mesmo doente - ela estendeu a mão e colocou sobre a testa do loiro - E ardendo em febre!
 - Achou que eu estava mentindo?
 - Eu... Eu vou cuidar de você - ela entrou na casa sem esperar ser convidada, e Jane, de cansado que estava, apenas deitou-se no sofá.
Lisbon foi até a cozinha e preparou um chá do jeito que Jane gostava.
 - Você tem aspirinas em algum lugar?
 - No meu quarto, no malero do primeiro guarda-roupa.
Entrando no quarto apressadamente, Lisbon esbarrou na cômoda, deixando algumas coisas cair no chão.
 - Droga! - murmurou - Daqui a pouco eu volto e arrumo isso.
Quando ela voltou para a sala, Jane já sentado no sofá, bebericando o chá.
 - Aqui. Tome isso - ela estendeu um comprimido
 - Obrigado
 - Precisa de mais alguma coisa?
 - Hummm... Ovos mexidos, talvez?
 - Vou fazer. Fique aqui.

............

Depois dos ovos mexidos, Jane reclinou-se no sofá e dormiu quase que imediatamente.
Lisbon ligou para seu chefe e avisou das condições do consultor e avisando que dentro de alguns minutos, ela estaria de volta ao quartel.
Antes de sair, porém, Lisbon lembrou-se da bagunça que havia deixado no quarto de Jane e foi até lá para arrumar.
Havia algumas canetas, folhas e outras tranqueiras espalhadas pelo chão. Enquanto recolhia os itens, olhou rapidamente para o papel e viu, de relance, seu nome escrito.
Com o cenho franzido, Lisbon não conteve a curiosidade de ler o que havia no papel.

" Querida Teresa,

Estava passeando pela orla da praia hoje e me lembrei de você e daquele fim de tarde que deixei você para trás.
Nunca tivemos chance de conversar a respeito disso, mas quero que saiba que eu realmente quis dizer tudo aquilo. Na verdade, queria ter dito mais.
Não vou me desculpar por ter te deixado porque sei do que poderia ter acontecido, caso você estivesse comigo e por isso não me arrependo.
Só lamento, e sim peço desculpas, por ter te dado esperanças de algo que nunca chegou a acontecer de fato. Algo que eu realmente queria que tivesse acontecido.
Eu não planejei para que as coisas acabassem assim entre nós. A verdade é que eu nem queria que houvesse acabado.
Mas se algum dia nós voltarmos a nos ver, Teresa, quero te garantir que farei de tudo para que você saiba que eu te amo.
Sempre seu,
Você sabe quem"

Lisbon fechou a carta com os olhos embaçados, por causa das lágrimas que se formavam nele, e respirou fundo.
"Preciso sair daqui" ela pensou e em um pulo levantou-se e colocou de qualquer jeito as coisas de volta na cômoda, andando apressadamente até a porta, sem olhar para trás.

............

Já havia escurecido e a Lua já inundava a sala da casa do consultor com sua luz.
Jane abriu os olhos e logo percebeu que havia melhorado da gripe, graças a ajuda Lisbon, mas ainda sentia seu corpo pesado e muito cansado. Então ele se levantou, foi até a cozinha comer um pedaço de bolo que ele havia comprado no dia anterior e depois foi até seu quarto, deitar-se em sua cama.
Chegando lá, porém, ele notou que algo estava fora do lugar.
E não era "algo" qualquer, era a carta que ele não havia entregue à Lisbon.
De repente a respiração dele ficou presa em seus pulmões e seu coração parou de palpitar por um segundo, quando ele percebera o que havia acontecido.

Lisbon havia lido a carta.

............

No dia seguinte Jane não tinha a menor disposição para ir trabalhar. Não por causa de sua gripe, afinal ele já estava melhor. Mas por causa de Lisbon.
Como ele devia agir a partir de agora? O que Lisbon iria fazer?
Até onde ele havia entendido na noite em que começara a trabalhar, ela estava namorando com outro.

Mas ele não podia perder outro dia de trabalho, ou então perderia o acordo e seria preso.

Recuperando o fôlego, então, ele levantou-se e cumpriu sua rotina matutina antes de ir trabalhar.

Lisbon, por outro lado, não conseguiu levantar-se da cama. Não porque estivesse doente, mas porque não queria lidar com Jane hoje.

E ela tinha a desculpa perfeita para não ir trabalhar naquele dia: diria que pegou a gripe do consultor.

Seu chefe não reclamou, afinal, não era comportamento rotineiro da Agente perder o dia de trabalho. 

A única coisa que a morena não contava, era com as batidas na porta de sua casa, algumas horas depois.

 - Jane? O que faz aqui?

 - Vim retribuir o favor.

 - Que favor, Jane?

 - Abbott me disse que você ligou dizendo que não iria trabalhar porque tinha pego minha gripe, logo eu vim cuidar de você - ele a olhou de cima a baixo, notando que ela ainda estava de pijama - Mas pelo jeito acho que você não foi trabalhar por outros motivos...

 - Sim, você está certo - ela disse aborrecida - Agora vá embora e me deixe em paz! - ela moveu a porta, para fechá-la, mas foi impedida pela mão do consultor 

 - Não vou embora. Precisamos conversar.

 - E o que estávamos fazendo até agora?

 - Você sabe o que eu quis dizer, Lisbon. Não fuja de mim.

 - Não estou fugindo!

 - Prove.

Lisbon virou os olhos, suspirou e disse:

 - Espere aqui - e bateu a porta com força 

Alguns minutos depois a porta se abre novamente e revela uma Lisbon já com roupas normais.

 - Você vai me pagar um café - ela disse simplesmente e entrou no carro de Jane, sem esperar por uma aprovação.

O loiro sorriu largamente.

............

 - Então... ? - Jane começou - Quem é aquele homem que estava com você no outro dia?
 - Se você não tivesse saído desesperado daquele jeito - Jane encarou-a - O nome dele é Marcus Pike. Estamos saindo juntos desde quando eu entrei para o FBI, há quase um ano.
 - Uh, é sério, não é?
 - Gosto de pensar que sim.
 - Então por que ficou tão mexida quando leu minha carta?
 - Que carta? - Lisbon se fez de desentendida
 - Sério, Lisbon? Vai mentir para mim?
Ambos encararam-se por alguns segundos.

Fonte

- Por que você não me mandou aquela carta? - ela perguntou, quebrando o silêncio

 - Não consegui - admitiu - Tive medo da sua reação, ou da falta dela.

 - Por quê?

 - Lisbon, você está saindo com outra pessoa e ainda assim quis fugir de mim. O que quer que eu espere? - ele olhou ainda mais fixamente nos olhos dela - Eu não posso perder você.

 - Ah, não pode? - ela o olhou incrédula - Então por que você matou Red John? Por que fugiu? Por que não pensou em me perder há dois anos? - antes que ele pudesse responder, ela prosseguiu - Você acha que foi fácil para mim ficar sem você? Acha que foi fácil ter que recomeçar a minha carreira do zero?

 - Me desculpe.

 - Você não pensou em mim. Por que acha que eu devo pensar em você agora?

 - Porque eu te amo - ele tocou a mão dela por cima da mesa - Eu não tenho muito a oferecer, como esse Marcus. Mas a verdade é que eu te amo. Eu te amo muito.

Lisbon permaneceu quieta por alguns segundos.

 - Isso não é o bastante - ela soltou-se dele, levantou-se e saiu do café, sem olhar para trás.

............

Nos dias seguintes à conversa, Lisbon e Jane não trocaram muitas palavras, exceto quando falavam sobre os casos.

Em uma tarde, o time fora liberado mais cedo por causa da resolução de um caso complicado.

 - Jane? - Lisbon sussurrou para o homem aparentemente adormecido no sofá - Jane?

 - Hum?

 - Quero conversar com você. 

 - Claro, pode dizer, Lisbon.

 - Não aqui - ela olhou ao redor rapidamente - Se importa em irmos para algum outro lugar?

 - Não, claro que não - ele sorriu - Conheço o lugar perfeito.

 - Ótimo.

............

Parecia Déjà vu, mas lá estavam os dois, sob o pôr do Sol, tentando controlar o desespero e o frio na barriga.
- Você realmente sente o que me disse no outro dia?
- Sim. Eu te amo, Teresa - ele disse olhando para ela e encontrando um olhar tímido e receoso na morena - De verdade.
- Bom - ela sorriu - Porque eu sinto o mesmo por você.
- Sério?
- Aham - ela disse e virou-se totalmente para ele, passando os braços em volta de seu pescoço em seguida - Diga de novo?
Jane, no entanto, não respondeu com palavras, mas inclinou-se suavemente, capturando os lábios dela com os seus.

Eu juro que queria fazer uma mini fanfic. Mas acho que me estendi um pouco, hahahaha.
Espero que tenham gostado :3
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